Em artigo, pesquisadores da REMA discutem a destituição da maternidade de “mulheres loucas”
A coluna da REMA no Brasil de Fato é um espaço abastecido mensalmente com textos das pesquisadoras da rede
Fechando o ano de 2024, a coluna da Rede Transnacional de pesquisas sobre Maternidades destituídas, violadas e violentadas (REMA) no jornal Brasil de Fato traz como tema do artigo do mês de dezembro o debate sobre mulheres que tiveram o direito e o desejo de serem mães interditados por serem lidas socialmente como loucas.
O texto, assinado pelos pesquisadores Tamara Vicaroni e Ueslei Solaterrar, tem como título “E eu não sou uma mulher?”: a destituição da maternidade de “mulheres loucas”.
No artigo, os pesquisadores parte da história de retirada forçada do bebê de Conceição, mulher cis, preta, heterossexual, 31 anos, evangélica, pobre e diagnosticada como esquizofrênica.
“Conseguimos uma única visita e encontro dela com seu filho antes de ele ser encaminhado para adoção sem ela nem ser escutada, nem a equipe e todos os relatórios e laudos enviados. Com o passar dos dias, Conceição deixa de chorar, deixa de perguntar pelo filho, deixa de desejar viver. O que se vê são fragmentos de seu corpo, seu olhar distante, suas mãos constantemente trêmulas, um corpo sem substância. Algo em Conceição morreu, ela estava vivendo o luto pela morte de um filho que estava vivo”, contam os autores.
Segundo os pesquisadores argumentam, “a história de Conceição nos ensina, entre outras coisas, sobre a fundamental importância da confluência entre a luta antimanicomial e a justiça reprodutiva, no sentido de entender que o manicômio pode se expressar como uma lógica que censura, viola e destitui o direito de mulheres negras e loucas exercerem a maternidade por diferentes caminhos, inclusive ao fortalecer a lógica de feminilização e familiarização do cuidado na Reforma Psiquiátrica”.
Ao longo do ano, foram publicados 10 artigos na coluna da REMA no jornal Brasil de Fato. Todos eles podem ser acessados aqui.
Imagem de capa:Divulgação/SAP
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