No mês da Consciência Negra, pesquisadoras da REMA debatem racismo obstétrico à brasileira em coluna no Brasil de Fato
A coluna da REMA no Brasil de Fato é um espaço abastecido mensalmente com textos das pesquisadoras da rede
Próximo ao 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, a coluna da Rede Transnacional de pesquisas sobre Maternidades destituídas, violadas e violentadas (REMA) no jornal Brasil de Fato traz como tema do artigo do mês o debate sobre racismo obstétrico à brasileira.
O texto, assinado pelas pesquisadoras Janaína Teresa Gentili F. de Araújo, Giorgia Carolina do Nascimento e Mariah Torres Aleixo, tem como título “Neste 20 de novembro, como combater o racismo obstétrico à brasileira?“.
No artigo, as pesquisadoras argumenta que enquanto a bandeira da humanização propõe um “retorno às origens”, muitas vezes idealizando práticas consideradas naturais ou tradicionais – como a referência e valorização que se faz à animalização ou mesmo aos “instintos” femininos, ela ignora que, para as mulheres afro-brasileiras, indígenas e não brancas em geral esse lugar “animalizado” ou “de origem” nunca foi uma escolha ou um privilégio, e sim muitas vezes usado para lhes negar direitos.
“A referência a um “retorno às origens” carrega uma romantização das tradições que, na verdade, reflete um desconhecimento das condições materiais e estruturais que sempre relegaram as mulheres negras e também indígenas à periferia do atendimento médico qualificado. Esse discurso pode silenciar o fato de que, para muitas delas, a realidade continua marcada pela precariedade e pelo desamparo institucional. No país do mito da democracia racial, este fenômeno podemos denominar como ‘racismo obstétrico à brasileira’”, dizem em trecho do texto.
Imagem de capa:Renata Caldeira/ Ponte
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